Luiz Alberto Hanns: Existe uma língua freudiana?

Desde as primeiras traduções psicanalíticas, realizadas ainda na época de Freud, discute-se a dificuldade de tradução de sua obra. Este é um problema que diz respeito a psicanalistas de todos idiomas, mas no Brasil a questão é especialmente relevante. Dispomos da Edição Standard Brasileira das Obras Completas (Imago) ou da versão mais antiga da editora Delta. A primeira foi traduzida diretamente do inglês e agrega aos problemas de uma tradução indireta, erros e defeitos, em boa parte já discutidos e criticados por Marilene Carone e pelo próprio Paulo César. A segunda é bastante incompleta e não inclui a sistematização que Strachey deu à obra freudiana.

Portanto, só se pode receber de bom grado um trabalho como o de Paulo César de Souza, que além de já ter realizado algumas boas traduções de textos breves de Freud (Sobre o Início do tratamento, Formulações sobre os dois princípios do funcionamento psíquico, e Recordar , repetir e elaborar), publica agora sua tese de doutoramento sobre a terminologia e o estilo freudianos. Se em qualquer obra sempre há alguns pontos dos quais se pode discordar (a serem comentados mais adiante), trata-se de um excelente trabalho e uma contribuição fundamental para os estudos neste campo. [texto completo]

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"All testing, all confirmation and disconfirmation of a hypothesis takes place already within a system. And this system is not a more or less arbitrary and doubtful point of departure for all our arguments; no it belongs to the essence of what we call an argument. The system is not so much the point of departure, as the element in which our arguments have their life."
- Wittgenstein

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"Le poète ne retient pas ce qu’il découvre ; l’ayant transcrit, le perd bientôt. En cela réside sa nouveauté, son infini et son péril"

René Char, La Bibliothèque est en feu (1956)


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